quinta-feira, 18 de março de 2010

A ESCOLA E A SOCIEDADE

E A SOCIEDADE

A escola tem como papel fundamental a conscientização do homem para o exercício perfeito da cidadania e qualificação profissional. Não se pode utilizá-la de maneira particularista, pois a mesma é um objeto de transformação social de extrema importância para o processo de redirecionamento de projetos educativos que se aproximam da nossa realidade, sem verbalismo oco e vazio que visam obscurecer os valores humanos. Quando se fala em educação, fala-se em vida. E vida a qual nos referimos não é o simples fato de se mover, andar, comer e trabalhar, todavia, é sermos valorizados como homem e como pessoa, no respeito aos nossos sentimentos, direitos civis e jurídicos para preservação de nossa dignidade.

Educar não se resume apenas num processo profissional como outro qualquer com suas impassividades; mas deve trilhar caminhos que de uma forma ou de outra, leve o educando a pensar sozinho e impulsioná-lo ao interminável desejo de reconstruir seus próprios conceitos, se assim necessário, para o restabelecimento de sua liberdade como via segura para auto-afirmação social, fazendo a sua própria história e decidindo sobre o seu futuro. Este é sem dúvidas o nível desejado para uma educação moderna.

O conhecimento que deve ser repassado ao aluno, em função na necessidade supracitada, não pode ser apenas o dos critérios matemáticos, históricos ou geográficos; porém; vai além dos saberes mais complexos e mais interessantes para o cotidiano do aluno. Prepará-lo para a vida é uma educação que enfrenta o desafio de mostrar o mundo como ele realmente é, examinado em todos os seus pontos, parâmetros e exibido de maneira transparente, sem toldar crises, conflitos e até as atitudes macabras dos nossos políticos.

O professor competente sabe o quanto é importante o aflorar de novas idéias pedagógicas em prol da valorização humana que será, doravante, a alavanca do desenvolvimento social. A sociedade brasileira desde sua formação é constituída por uma diversidade étnica e cultural, a qual deve ser contemplada no espaço escolar, para que se reconheça a pluralidade das vivências dos diferentes grupos sociais da comunidade, onde a escola está inserida. Desta maneira, pode-se indagar: Qual o papel da escola na sociedade?

A escola, enquanto uma instituição social, é um dos espaços privilegiados de formação e informação, em que a aprendizagem dos conteúdos deve estar em consonância com as questões sociais que marcam cada momento histórico, ou seja, relacionada ao cotidiano dos alunos, desde o aspecto local ao global. Assim, ela além de possibilitar aos alunos a apropriação dos conteúdos de maneira crítica e construtiva, precisa valorizar a cultura de sua própria comunidade, contribuindo para o exercício de cidadania.

Exige-se uma educação de conteúdos, onde educadores e educandos possam dialogar, reconhecendo a pluralidade étnica e cultural presente no Brasil e também em sua comunidade, para que a escola não seja um espaço de reprodução de formas de discriminação e exclusão social.

A educação da qual falamos tem caráter reflexivo, propiciando a análise crítica da realidade social e pressupõe ação-reflexão, distinguindo-se da “educação bancária” em que o professor apresenta os conteúdos aos alunos, impondo-lhes um saber desprovido de reflexão (FREIRE, 1987: 70-71).

Segundo a educadora e especialista em Pedagogia Social Isabel Aparecida dos Santos (2001: 106) a escola pode impulsionar uma ação cultural e política, por meio da transformação da sociedade, a partir de novas relações sociais estabelecidas entre diferentes grupos. Para tanto, a escola deve promover situações de discussão, de diálogo e de questionamentos, para que os alunos possam conhecer a si mesmos, e reconhecer o diferente, sem que isso seja justificativa para discriminar e/ou excluir diferentes formas de organizações sociais e culturas. Ela ainda expõe que o preconceito construído precisa ser “desconstruído”, sendo necessário novas formas de abordagem dos conteúdos na escola, para se “escrever a História a mais mãos” (SANTOS, 2001: 110).

Considerando-se o professor como um mero repassador de conhecimento, sua função é colocada à parte da corrente que determina os rumos de uma sociedade. Entretanto, encarando-se o professor como uma das engrenagens que fazem parte da máquina chamada escola, responsável por elaborar, manter e aperfeiçoar o produto final chamado sociedade, que por sua vez alimenta os sonhos, anseios e ideologias de cada indivíduo, entre eles, aquela pequena engrenagem representada como professor, fecha-se um círculo de interação e desenvolvimento. Deixando a visão metafórica de lado e partindo para a linguagem clara, significa dizer que o professor tem em suas mãos a matéria prima bruta para a construção de qualquer sociedade: o ser humano. A escola, por sua vez, representa o elo que deve apresentá-lo à sociedade, assim como apresentar esse mundo novo e suas perspectivas a ele. À sociedade cabe enxergar em si mesma o próprio processo avaliativo, retornando então à escola de forma aperfeiçoada e desenvolvida.


A relação entre o professor e a escola

Do professor espera-se, através de suas ações pedagógicas, que o seu trabalho intelectual seja transformador da estrutura organizacional da escola, integrada à transformação estrutural mais ampla da sociedade da qual ele participa. A escola, entendida como a vitrine para os projetos sociais, serviria de instrumento viabilizador das ações pedagógicas propostas pelo professor. O professor ao decidir o objetivo, conteúdo, e a metodologia aplicada, revela o seu posicionamento político, fazendo da educação um ato político, que orienta a práxis do educador. A escola, dessa forma, se organiza centrada no professor transmissor do acervo cultural. Contudo, o professor, a partir da organização material do processo de trabalho escolar, bem como suas relações sociais de produção, organiza-se sob a forma de trabalhador coletivo, tornando-se assim um "professor proletário", a partir da perda do controle do processo de trabalho.


A relação entre o professor e a sociedade

É difícil imaginar a ação do professor junto à sociedade sem a ação interveniente da escola. Entretanto, para isso, inclui-se outros organismos sociais sistematizados como a família, igreja, partidos, clubes e outros, em sua área de influência. “O professor um trabalhador intelectual, prioritariamente (ifusor do conhecimento necessário à transformação efetiva da realidade com vistas à satisfação das necessidades propriamente humanas. Quanto mais clareza o professor tenha de que está inserido na luta pela socialização da cultura, melhores condições ele vai adquirindo de exercer concretamente sua função na direção da satisfação das necessidades propriamente humanas". (RIBEIRO,1984)

Essa intelectualidade, inerente a todos, é que pode ser explorada pelo professor como difusor de cultura, voltando o seu trabalho não apenas para a profissionalização, ou para a mecanização do conhecimento, e sim levando os indivíduos a modificar a concepção de mundo, promovendo novas maneiras de pensar.


A relação entre a escola e a sociedade

Como foi visto anteriormente, a sociedade utiliza-se da escola como elemento para a vivificação e efetivação dos projetos sociais, porém esta relação não é unidirecional. São muitas as histórias dos tempos de escola, daqueles que nasceram e cresceram em comunidades pequenas, distantes ou carentes, e que vivenciaram a relação direta de desenvolvimento social proporcionada pela exteriorização das atividades escolares.

Uma vez que vivemos numa sociedade capitalista, dividida em classes com interesses opostos, a escola sofre a determinação do conflito de interesses que caracterizam esse tipo de sociedade. Visto que não é de interesse da classe dominante a transformação histórica da escola, ela procura preservar o seu domínio através de mecanismos que evitem os processos de mudanças.

Da mesma forma que o restante da sua classe profissional, o professor, em virtude da sua curta e conturbada história, vê-se em busca de seu espaço, dividido pela atuação de leigos no seu mercado de trabalho, refém das diretrizes político-sociais. Na tentativa de alcançar respeito profissional e social, o professor busca livrar-se do eixo paradigmático e passa a perseguir então, o saber necessário às suas ações pedagógicas, que lhe garantam importância dentro da política educacional, que reside na função de socialização do conhecimento. Com a certeza de uma sociedade mais justa e uma escola mais formadora e cidadã.


ROBERTO RIVELINO LEMOS

Licenciado em Educação Física

Gestor da Unidade Escolar

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